Casos

Devido à ética e à privacidade, concedidas aos envolvidos (e seus respectivos familiares) nos casos em que a genética forense é utilizada, não é possível encontrar tantos casos descritos detalhadamente na literatura. Sabe-se que a genética forense foi empregada pela primeira vez pelo pioneiro na área, Alec Jeffreys, em 1985. Nesse contexto, dois casos foram solucionados com o auxílio das práticas de análise de DNA:


* O primeiro envolvia um jovem, residente da Inglaterra, que, ao voltar de uma visita a seu país de origem, Gana, foi proibido de entrar no Reino Unido, sob a suspeita de documentação falsa. A análise de DNA, então, possibilitou provar que a família biológica do jovem residia na Inglaterra de fato, e assim, ele pôde retornar a seu lar.


* O segundo, mais grave, envolvia dois estupros ocorridos em um pequeno condado inglês. A partir da análise do sêmen, foi visto que o estuprador era o mesmo em ambas as ocorrências e, assim, foi solicitada uma doação de sangue comunitária para que se pudesse comparar dados e encontrar o agressor. Descobriu-se, então, a partir da análise do material genético por Jeffreys, que o estuprador não era nenhum dos moradores do pequeno condado, mas sim um viajante que estava de passagem por lá.




 Outros Casos


* (Estados Unidos) Após ter sido acusado e sentenciado por estuprar e matar uma menina de nove anos de idade, Kirk Bloodsworth recebeu um segundo julgamento, após um apelo bem sucedido, sob a alegação de que as evidências teriam ficado retidas no primeiro. Ainda assim, foi sentenciado de novo. Então, após muitos anos de luta por amostras e testes de DNA com as mesmas, a análise do material genético proveniente da cena do crime mostrou que o DNA não correspondia com o de Bloodsworth, fazendo com que ele fosse solto e inocentado. A partir do banco de dados, concluiu-se que o DNA encontrado era de Kimberly Shay Ruffner, que se revelou culpado ,sendo preso em 2004, 9 anos após a condenação de Bloodsworth.



* (Inglaterra) Em Leicestershire, nas proximidades do hospital psiquiátrico Carlton Hayes, uma menina de 15 anos de idade foi estuprada e morta, após ter permanecido desaparecida. A examinação forense de amostra de sêmen mostrou que era um tipo encontrado em apenas 10% dos homens, e que pertencia a alguém com sangue tipo A. Até então, não se achou nenhum suspeito. Certos meses depois, em Enderby, um abuso sexual semelhante relevou amostras de sêmen do mesmo tipo sanguíneo que aquele de Leicestershire. Foi então que Richard Buckland, 17 anos, que trabalhava no Carlton Hayes e que já era suspeito por estar perto da cena do crime que acontecera em Enderby, confessou o assassinato ocorrido lá, mas não aquele de Leicestershire. Foi então que o teste de DNA mostrou que ambas as garotas tinham sido abusadas e mortas pelo mesmo homem, que não era Richard Buckland! Foi o primeiro caso no qual uma pessoa foi inocentada através da utilização das técnicas da genética forense (1986).

A partir dessa situação e a fim de que o autor dos crimes fosse descoberto, a polícia e cientistas forenses passaram a coletar amostras de sangue e saliva de 4000 homens entre 17 e 34 anos de idade, residentes dos arredores de Leicestershire e Enderby. Nada foi descoberto. Foi então que, em 1987, uma mulher ouviu um colega, Ian Kelly, dizer que doou amostras se passando por um amigo, Colin Pitchfork, que alegara que já tinha concedido uma amostra a um amigo que estava sendo acusado de outro crime(*). A polícia, então, prendeu Pitchfork e, ao coletar uma amostra com DNA, provou que o material genético encontrado nas cenas dos crimes era dele. Em 1988, Colin Pitchfork foi condenado a um mínimo de 30 anos de prisão.


* Outro caso que envolveu a ciência forense foi o dos Romanov, a última dinastia imperial da Rússia. Em 1917, primeiro ano da Revolução Russa, o Tsar Nicholas II abdicou e nomeou seu irmão. Ainda assim, o ex-Tsar e sua família continuaram a ser perseguidos e, em 1918, foram mortos por Bolcheviques, que mantiveram sua morte em segredo até 1926. Os corpos seriam enterrados em uma mina, mas o caminhão que os levava quebrou no meio do caminho e, assim, os corpos acabaram sendo enterrados ao lado da estrada. Em julho de 1991, nove esqueletos foram achados em uma cova rasa na Rússia e acreditou-se que fossem os corpos dos Romanov.

Cientistas forenses analisaram as ossadas, comparando crânios e dentes, confirmando a suposição. Entretanto, um time de cientistas americanos chegou a uma conclusão diferente com relação a quem pertenceria o esqueleto que faltava. Assim, a genética forense foi utilizada para que as dúvidas fossem esclarecidas. Utilizando análise de SNTRs e de DNA mitocondrial, além das ossadas, confirmou-se que o grupo de esqueletos representava uma família, que eram os Romanov e que o esqueleto que faltava era o de Anastasia, filha do Tsar Nicholas, como os americanos haviam apontado.

Desde então, muitas outras técnicas foram desenvolvidas e empregadas, além de critérios éticos e de privacidade, como o direito de saber e até permitir a análise de material genético próprio.



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